O que é mais vergonhoso? Engravidar numa época em que as diversas técnicas anticoncepcionais desfilam pelas bocas de nossos médicos, mães e apresentadores de TV? Ou varar semanas em claro, em busca de um método primitivo, baseado na foice e enxada, que conta também com cordas, animais peçonhentos e outras ofenças atrozes ao nome da técnica e da ciência, simplesmente porque no Brasil o aborto limpo, seguro e simples não é permitido?
Na opinião de Sara , ambos os casos são vergonhosos. Tanto que a garota tomou pílula à espera da visita do namorado. Ela não seria burra de dar tanta chance ao azar, dar para o namorado sem contar com nenhum método anticoncepcional. Mas garotas são garotas e, mesmo na flor de seus 23 anos de experiência, o maravilhoso sexo sem camisinha por semanas a fio deixa sempre a tão conhecida pulguinha atrás na orelha. É culpa da mãe, que lhe ensinuou ao longo da infância que sexo é feio e pecado. "Eu transei demais, demais, eu mereço estar grávida", pensava a pobre Sara.
E como adolescente de internet, Sara passou dias planejando uma viagem à Suíça, ou à Conchinchina, onde pudesse tomar um comprimidinho corriqueiro e sossegado, e acabar com a criatura, se ela deveras fosse. Até que Sara acordou numa bela manhã de sol, e lá estava, tudo resolvido, vermelho no branco. Confie na pílula, querida Sara.
Naquela manhã rubra e alegre, Sara caminhou radiante ao trabalho. A primeira tarefa foi a mensagem, que enviou para o outro lado do continente: "Você não vai ser papai tão cedo". Duas horas depois, a resposta na caixa de entrada: "Eu te amo. E sua menstruação também."
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