Fim e recomeço

O que fazemos nós, os jornalistas? Contamos histórias, construímos versóes, buscamos a verdade numa rotina apressada e parcial? E qual verdade?

Neste momento de fim de ano, vale refletir um pouco sobre o nosso papel na sociedade e no mundo. E, talvez, Drummond nos ajude.

VERDADE

Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia

Devolução dos trabalhos

Pessoal, os trabalhos entregues, com meus comentários, estão disponíveis para vocês no escaninho, na entrada da FABICO.

Vou enviar a avaliação dos blogs para o e-mail de cada um, ok?

Última aula

Depois de consulta por mail para a turma, estou confirmando nosso encontro da próxima quinta-feira, 06/12, com o poeta, escritor e jornalista FABRÍCIO CARPINEJAR, na sala 310. Ele vai conversar conosco sobre crônica e outras cositas más. Será às 9h (cheguem no horário, por favor).

Será nossa última aula, e a entrega dos trabalhos fica, portanto, transferida para este dia.

Quem optou por manter o blog, o prazo se encerra nesta quinta mesmo, 29.

Quem quiser ler as crônicas, poesias e outros textos do Fabrício pode visitar o site dele. Vale a pena!

Quem manda aqui sou eu

Não sei porque tem gente que ainda se aventura a encher páginas e páginas de interpretações densas sobre liberdade de imprensa no Brasil.

O rapaz aquele da reportagem do Che Guevara na Veja matou a charada, ao responder ao biógrafo do Che, John Lee Anderson, que reclamou da matéria publicada. "Você pode ficar certo de que não aparecerá mais nas páginas desta revista", disse Diogo Schelp.

Que bonito, né? O pessoal mostra como está preparado para o debate de opiniões e a visão pluralista da sociedade. A verdade é a seguinte: imprensa no Brasil é que nem bola de jogo de pelada - é minha e só joga quem eu deixar.

Aí o pessoal fica chateado com os blogs. Também, quebra os saudáveis princípios da liberdade hierárquica e prepotente de empresa (ops!)... Afinal, assim não dá. Se todo mundo puder se informar por onde quiser e ter sua própria opinião, onde é que isto vai parar?

A discussão Diogo-Anderson tá rolando na Internet. Em resumo, houve uma briga por email entre o biógrafo e o editor. Anderson mandou um email público que deixou o editor puto e aí ele cometeu o ato falho acima.

A história toda (na versão Veja) está no blog do Reinaldo Azevedo , que, ironicamente, já foi chamado até de "pit-bull da extrema-direita".

Comentários

Peço que todo mundo, na medida do possível, visite os blogs dos colegas e comente os conteúdos, formatos, idéias, sacadas, burradas etc.

Fazia tempo...Viajantes

A equipe do Viajantes está apostando por enfatizar lugares/programas que podem ser acessíveis mesmo por quem não pode viajar para fora da cidade ou do estado. Os posts estão bem diversificados, sobre locais, dicas de gastronomia, comentários, utilizando imagens e aúdio (Nei Lisboa). Há uma preocupação com a estética, em relacionar cada post com uma foto. A agenda continua firme, trazendo sugestões de lazer para a semana (que tal destacar uma, dando um olhar pessoal sobre ela - "esta eu fui, vale a pena" ou "evite, uma porcaria"). Além disso, a equipe busca atrair o retorno dos leitores, como no post "olhares".

Os posts da Bruna tem primado por uma visão muito pessoal de atrações ou produtos, como naquele sobre o livro do Verissimo e do Joaquim da Fonseca, o "passeio" na Feira do Livro e na Bienal. Interessante este olhar intimista e pessoal. A Sara busca trazer novidades, num texto (em geral, com exceções) mais padrão e menos pessoal, mas também descontraído e fluente. Sobre o post do Vale dos Vinhedos, uma ótima sacada, pergunto, por exemplo, se não poderia ter também uma dica de lugar ou de programa que valesse (ou não - fuja!) a pena?

Gostei muito da entrevista do Nei feita pelo Thiago (acho que aquilo foi para uma cadeira de rádio tb, não? Mas tudo bem). Pensei que, ao ouvi-la, valia ter perguntado ao moço se ele podia destacar alguns lugares ou coisas legais para fazer na cidade ou no estado, já que esta é a proposta do blog. O post dos times aquele não vi sentido de estar no blog.

Acho que, aparentemente, as meninas estão mais assíduas no blog que o Thiago.

Fazia tempo...Por trás das grades

Infelizmente, as gurias do Por trás das grades parecem ter largado o blog de mão. É uma grande perda, não só pelo belo trabalho que elas estavam fazendo, em especial a Pianegonda - só para ter idéia, o último post é parte de uma entrevista com o MV Bill - mas pela própria originalidade do tema. Segurança pública é assunto que atinge hoje esferas tão diversas quanto economia, política e cultura, podendo ser abordado a partir dos enfoques mais variados (exclusão social, tráfico de drogas, produção cultural, distribuição de renda, indústria da segurança etc etc). Talvez seja o tema mais importante hoje no Brasil.

A título de ilustração, já que a decisão parece ter sido realmente largar o trabalho, destaco a idéia de agregar entrevistas ao blog, dando um caráter mais informativo ao trabalho. Ambas, com o delegado e com o Bil, levantam informações extremamente interessantes. Talvez valesse, depois de cada entrevista, um post comentando a fala do entrevistado e revelando as impressões pessoais e as interpretações levantadas pelas autoras do blog.

Além disso, dar um toque intimista, pessoal e sensível a assunto tão árido é grande desafio, mas que funciona muito, haja vista o já longíquo "Por que a humanidade faz estas coisas?".